PELICANO EUCARÍSTICO

 

«Senhor Jesus, Pelicano bom, /
Limpa-me com teu Sangue, /
Do qual uma só gota pode libertar /
De todos os crimes o mundo inteiro».

PELICANO EUCARÍSTICO. Séc. XVIII. Portugal. Museu de São Roque, Lisboa.

Presente do Papa Bento XVI aos Bispos do Sínodo

Segundo anunciou Dom Nikola Eterović, Secretário Geral do Sínodo dos Bispos, o Santo Padre Bento XVI decidiu que a todos os Bispos participantes do Sínodo se desse um presente especial: um anel apresentando a figura de um pelicano, que é um símbolo eucarístico tradicional.

 O pelicano, que vive nas margens de lagos e rios nas regiões cálidas, dá de comer aos seus filhotes com o alimento que extrai da bolsa de pele que tem no peito. Segundo explicou a Sala de Imprensa da Santa Sé, tomando este fato como ponto de partida, antigas lendas imaginaram que o pelicano, em caso de necessidade, nutre os seus filhotes com a sua própria carne. A tradição cristã, por isso, a partir da Idade Média, começou a utilizar o pelicano como símbolo eucarístico, vendo nesse dar a própria carne como alimento uma figura de Cristo que entrega seu o Corpo e Sangue aos homens na Eucaristia. Com efeito, o conhecido hino de adoração eucarística, “Adoro te devote”, atribuído a São Tomás de Aquino, chama a Cristo Sacramentado “Pie pellicane”. Também poetas como Dante, pintores como Giotto e a sua escola, reproduzem o pelicano entre os símbolos eucarísticos.

O anel, que tem estampado na parte exterior o pelicano, tem na parte interna o escudo pontifício de Bento XVI.

Tendo por base a lenda antiga de que o pelicano alimenta os filhos com o sangue que faz jorrar do peito, esta ave tornou-se símbolo de Jesus Cristo e da Eucaristia, passando a ser muito representada artisticamente, sobretudo a partir do séc. XV.

In: http://www.eclesales.org/portugues/

O significado de pelicano

Uma das aves imundas (Lv 11,18; Dt 14,17) pertence à ordem dos steganopodes. O pelicano, ordinariamente branco, é muito vulgar na Síria, embora o pelicano dalmaciano se ache também ali. A expressão ‘pelicano no deserto’, tem sido combatida, pois trata-se de uma ave marítima. Mas é costume desta ave dirigir-se de manhã cedo ao seu lugar de pesca, voltando antes do meio-dia regularmente ao seu favorito banco de areia ou aos pântanos do interior, a fim de fazer a digestão do peixe comido e alimentar os seus filhos – e de tarde repete a operação. A aparência da ave na ocasião em que está digerindo o seu alimento, com a cabeça abatida sobre os ombros, com o bico descansando sobre o peito, manifesta desolação. As asas do pelicano são de grande poder, alcançando a sua extensão até 3,50 metros. O nome hebraico do pelicano significa ‘vomitar’, e refere-se ao hábito que tem aquela ave de armazenar alimento no largo saco, preso à mandíbula inferior, com o fim de alimentar os seus filhos. E lança a comida, apertando seu bico contra o peito.

Outrora fez-se do pelicano, ave aquática, um símbolo do amor paternal, sob o falso pretexto de que ele alimentava as suas crias com a sua própria carne e com o seu próprio sangue. Por esta razão, a iconografia cristã fez dele um símbolo de Cristo; mas existe uma razão mais profunda. Símbolo da natureza húmida que, segundo a física antiga, desaparecia sob o efeito do calor solar e renascia no inverno, o pelicano foi tomado como representação do sacrifício de Cristo e da sua ressurreição, bem como da de Lázaro. Por isso a sua imagem esteve algumas vezes ligada à da fénix. O simbolismo ligado a Cristo funda-se também na chaga do coração de onde jorra sangue e água, bebidas da vida: «Desperta-te, cristão morto, escreve Silesius, e vê, o nosso Pelicano banha-te com o teu sangue e com a água do seu coração. Se a receberes bem… num instante estarás vivo e salvo».

O Pelicano, derramando o seu sangue pelos seus filhos, é um símbolo que foi adoptado pela igreja eucarística pois, ele era considerado emblema do Salvador que derramou seu sangue pela humanidade.

O Pelicano é sempre lembrado no momento em que abre as suas entranhas para alimentar os seus filhos, em números considerados sagrados: 3, 5 e 7. O Pelicano é, também, o emblema mais significativo da caridade. E, como tira de suas entranhas o alimento de seus filhos, muitos vêem nele o mais lindo símbolo do amor materno.

Este símbolo – o pelicano- introduz o tema do Sangue de Cristo na sexta estrofe do hino eucarístico: «Senhor Jesus, Pelicano bom, / Limpa-me com teu Sangue, / Do qual uma só gota pode libertar / De todos os crimes o mundo inteiro».
O conteúdo teológico desta estrofe é um solene acto de fé no valor universal do sangue de Cristo, do qual uma só gota basta para salvar o mundo inteiro.

Hino Eucarístico

Adoro te devote

Adoro te devote, latens Deitas,
Quae sub his figuris vere latitas;
Tibi se cor meum totum subiicit,
Quia te contemplans, totum deficit.

Visus, tactus, gustus in te fallitur,
Sed auditu solo tuto creditur;
Credo quidquid dixit Dei Filius,
Nil hoc verbo veritatis verius.

In Cruce latebat sola Deitas.
At hic latet simul et humanitas:
Ambo tamen credens, atgue confitens,
Peto quod petivit latro paenitens.

Plagas, sicut Thomas, non intueor,
Deum tamen meum te confiteor:
Fac me tibi semper magis credere,
In te spem habere, te diligere.

O memoriale mortis Domini,
Panis vivus vitam praestans homini:
Praesta meae menti de te vivere,
Et te illi semper dulce sapere.

Pie pellicane Iesu Domine,
Me immundum munda tuo Sanguine:
Cuius una stilla salvum facere
Totum mundum quit ab omni scelere.

Iesu, quem velatum nunc aspicio,
Oro, fiat illud, quod tam sitio,
Ut te revelata cernens facie,
Visu sim beatus tuae gloriae.
Amen.

O CRUCIFIXO DE GIOTTO NO MUSEU DO LOUVRE

O crucifixo pintado em têmpera e ouro sobre painel de madeira, realizado em 1315 aproximadamente; atribuído a Giotto (1266–1337). Dimensões: 277 × 225 cm.
  • Cristo na cruz está na posição dolens (sofrendo), o corpo caindo, a barriga projetando-se em seu perizonium , a cabeça inclinada para a frente tocando o ombro, as costelas projetando-se, as feridas com sangue, os pés sobrepostos.
  • o crucifixo está em tabelone (pequenos painéis com cenas nas extremidades da cruz: A Virgem Maria à esquerda, São João o apóstolo à direita, presença do titulus no topo sob o painel da “alegoria do pelicano” sacrificando-se para alimentar seus filhos, mas ausência abaixo, talvez perdida, do painel da tumba de Adão com seu crânio).
  • Parte traseira ornamentada da caixa com padrões gravados em um fundo dourado, atrás do corpo de Cristo,