Convite feito a D. Miguel e depois a D. Pedro para assumirem o reino da Grécia – abril de 1822

Um dos mais influentes escritores e intelectuais da época, que inspirou a opinião pública grega interna externa, foi Rigas Pheraios.

O assassinato de Pheraios exaltou o nacionalismo grego. O seu poema, o Thourios, escrito em 1797, serviu como um cântico de “guerra” dos gregos frente ao domínio otomano.

Excerto da letra do poema revolucionário Thourios :
«Antes uma hora de liberdade, do que quarenta anos de escravidão e prisão».

Em 31 de março de 1822, aconteceu o chamado Massacre de Quios, guerra travada entre a Turquia e a Grécia. Este episódio deu-se durante a Guerra da Independência da Grécia, pretendendo a cidade de Quios a libertação dos turcos.

Massacre de Quios
Pintor francês: Eugène Delacroix.
Dimensões: 4,19 m x 3,54 m
Período: Romantismo
Localização: Museu do Louvre
Criação: 1824

O exército otomano eliminou mais de 100 mil pessoas. Os sobreviventes foram vendidos como escravos em Constantinopla, Cairo e outras praças.

Após o massacre, os nacionalistas gregos ganharam mais ímpeto, e a revolta grega, iniciada em 1821, levando à assinatura do Tratado de Andrinopla, em 14 setembro 1829, onde é concedida a independência da Grécia do Império Turco. O Reino da Grécia foi estabelecido em 1832 na Conferência de Londres pelas Grandes Potências (Reino Unido, França e pelo Império Russo).

Em 1822, Silvestre Pinheiro Ferreira, Ministro dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, recebera, em Lisboa, um enviado grego[1], o capitão Nikólao Kephalás. Este trazia um convite para que D. Miguel, então com dezanove anos se tornasse rei da Grécia.

D. João pediu que o convite fosse feito de forma “solene” e oficiosa, e no dia 16 de abril de 1822 o capitão Nikólao Kephalás enviou duas cartas oficiais, uma para D. Miguel e outra para o seu pai, D. João VI, convidando o príncipe a ocupar o trono de Constantino, o Grande.

D. Miguel não aceitou o convite, sendo este passado ao seu irmão D. Pedro, que também não aceitou.

Foi na Conferência de Londres de 1832, que a Grã-Bretanha, a França e o Império Russo ofereceram o trono da Grécia ao príncipe Oto da Baviera ((Salzburgo, 1815 – Bamberga, 1867), de 17 anos, tornando-se este o primeiro rei da Grécia.


[1] A partir de uma carta do ministro Pinheiro Ferreira para Luiz Francisco Risso, diplomata português em Roma. Correspondência do Ministério de Silvestre Pinheiro Ferreira sobre a Independência da Grécia, 1822-1823. In Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT), PT/TT/MNE-ASC/P/5/L175.