É um dos símbolos mais antigos da Páscoa. Lembra a aliança que Deus fez com o povo judeu no Antigo Testamento.
Naquela época, a Páscoa era celebrada com o sacrifício de um cordeiro.
Para os cristãos, Jesus Cristo é o “cordeiro de Deus que tirou os pecados do mundo”(João 1:29)

“Retábulo de Ghent”, composto por 12 painéis, considerado a primeira grande pintura a óleo a ganhar admiração mundial. Ao centro inferior, a “Adoração do Cordeiro Místico”, pintada pelos irmãos Van Eyck, em 1432. KIK-IRPA, Brussels, Belgium (o retábulo do altar de Ghent começou a ser pintado em 1420 por Hubert van Eyck, morto seis anos depois, sendo terminada por seu irmão mais novo Jan, em 1432).
Mensagem de João Paulo II para o XL Dia Mundial de Oração pelas Vocações
11 de maio de 2003 – IV Domingo de Páscoa
TEMA: A Vocação ao Serviço
Venerados irmãos no Episcopado
Caríssimos Irmãos e Irmãs de todo o mundo!
2. …“Como um cordeiro conduzido ao matadouro…” (Is 53,7).
Na Sagrada Escritura existe uma forte e evidente relação entre o serviço e a redenção, assim como entre serviço e sofrimento, entre Servo e Cordeiro de Deus. O Messias é o Servo sofredor que carrega sobre os ombros o peso do pecado humano, é o Cordeiro “conduzido ao matadouro” (Is 53,7) para pagar o preço das culpas cometidas pela humanidade e prestar, deste modo, o serviço de que ela mais precisa. O Servo é o Cordeiro que “foi maltratado, mas livremente humilhou-se e não abriu a boca” (Is 53,7), mostrando, assim, uma extraordinária força: aquela de não reagir ao mal com o mal, mas de responder ao mal com o bem.
É a mansa determinação do servo, que encontra em Deus a sua força e por Ele, exactamente por isto, se torna “luz das nações” e operador de salvação (Is 49,5-6). A vocação ao serviço é sempre, misteriosamente, vocação a tomar parte de modo muito pessoal, também árduo e sofrido, no ministério da salvação.

Sacrário Cordeiro
Homilia de Bento XVI na missa de inauguração do Pontificado.
SANTA MISSA
IMPOSIÇÃO DO PÁLIO E DO ANEL DE PESCADOR PARA O INÍCIO DO MINISTÉRIO PETRINO DO BISPO DE ROMA
HOMILIA DE SUA SANTIDADE BENTO XVI
Praça São Pedro
Domingo, 24 de Abril de 2005
“… O símbolo do cordeiro tem ainda outro aspecto. Era costume no antigo Oriente que os reis se designassem a si mesmos como pastores do seu povo. Esta era uma imagem do seu poder, uma imagem cínica: para eles, os povos eram como ovelhas das quais o pastor podia dispor a seu bel-prazer. Pelo contrário, o pastor de todos os homens, o Deus vivo, fez-se ele mesmo cordeiro, pôs-se do lado dos cordeiros, dos que são pisados e sacrificados. É exactamente assim que Ele se revela como o verdadeiro pastor: “Eu sou o bom pastor […]. Eu dou a minha vida pelas ovelhas”, diz Jesus de si mesmo (Jo 10,14).
Não é o poder o que redime, mas o amor! Este é o sinal de Deus: Ele mesmo é amor. Quantas vezes desejaríamos que Deus se mostrasse mais forte! Que Ele castigasse duramente, que abatesse o mal e que criasse um mundo melhor! Todas as ideologias do poder justificam-se desta forma, justificam a destruição do que se opõe ao progresso e à libertação da humanidade. Nós sofremos pela paciência de Deus. E, não obstante, todos necessitamos da sua paciência. O Deus, que se fez cordeiro, diz-nos que o mundo se salva pelo Crucificado e não pelos crucificadores. O mundo é redimido pela paciência de Deus e destruído pela impaciência dos homens.
Uma das características fundamentais do pastor deve ser amar os homens que lhe foram confiados, tal como ama Cristo, ao serviço de Quem está. “Apascenta as minhas ovelhas”, diz Cristo a Pedro, e a mim, neste momento. Apascentar quer dizer amar, e amar quer dizer também estar dispostos a sofrer. Amar significa dar às ovelhas o verdadeiro bem, o alimento da verdade de Deus, da palavra de Deus, o alimento da sua presença, que Ele nos dá no Santíssimo Sacramento…”

Representação romântica do Cordeiro de Deus na capela de St. Remigius

Cordeiro Pascal
c. 1660-70, óleo sobre tela
88 x 116 cm
Museu Regional Évora, Portugal
O Cordeiro
O Cordeiro simboliza Cristo, que é o filho e cordeiro de Deus, sacrificado em prol de todo o rebanho (humanidade). Embora tido como símbolo da Páscoa cristã, o cordeiro já era muito importante na Páscoa judaica e nos cultos Teutónicos, onde era frequente o sacrifício de animais aos deuses.
O sentido dos sacrifícios do Antigo Testamento e o Sacrifício de Cristo
Os hebreus tinham o costume de matar um cordeiro em sacrifício a Deus, para remissão dos pecados. O sacrifício de animais (ou mesmo de pessoas) era frequente entre vários grupos étnicos, em várias partes do mundo. Na Bíblia é referido, por exemplo, o caso de Abraão que, para provar a sua fé em Deus teria de sacrificar o seu único filho, imolando-o e queimando-o numa pilha de lenha, como era costume para os sacrifícios de animais – o relato bíblico refere, contudo, que Deus não permitiu tal execução e em seu lugar foi-LHE oferecido um cordeiro. Mas o cordeiro adquire um significado especial na Páscoa dos judeus. Na ceia do Egipto, eles aspergiam com o sangue de um cordeiro os umbrais das portas para que o anjo exterminador, vendo o sangue, poupa- se os primogénitos dos israelitas. E cada ano, celebrando a Páscoa, as famílias dos hebreus comiam o Cordeiro pascal em comemoração à libertação do Egipto. O cordeiro tornou-se um símbolo de libertação e de vida de um povo. O sentimento que brota mais fortemente de todos estes sacrifícios é o da obtenção do perdão dos pecados. No Novo Testamento os evangelistas vão usar a imagem do cordeiro para significar o Messias. Jesus reunifica num único sacrifício, toda esta busca de reconciliação e intimidade com Deus.
A Eucaristia é a novidade definitiva do sacerdócio de Jesus Cristo.

O Cordeiro de Deus sobre o Livro dos Sete Selos. Obra de Johann Heinrich Rohr, cerca de 1775
A identificação de Jesus com o cordeiro pascal da liturgia judaica.
S. João Baptista tinha apontado Jesus como o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo –“ No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29). Na nova liturgia da Nova Aliança, Cristo é o verdadeiro Cordeiro Pascal, sem defeito, nem mancha, imolado para selar com o Seu sangue a Aliança definitiva. S. Paulo confirma esta interpretação – “Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós” (1 Cor 5, 7). Torna-se claro que Jesus se tornou o Cordeiro Pascal, cumprindo a missão do Servo. Tal como estava prescrito na liturgia judaica, ao cordeiro pascal não se deveria partir nenhum osso. Segundo S. João, é para cumprir esta prescrição que os soldados não quebrarão as pernas a Jesus, já morto –“ Mas, vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas” (Jo 19, 33).
Para a Igreja apostólica Jesus é o novo Cordeiro Pascal, situando assim, a Eucaristia como realização plena da Ceia pascal judaica, enquanto libertação da escravidão do pecado. O Apóstolo S. Pedro afirma-o – “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais,
19 Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado…” (1 Ped 1, 18-19).
A morte de Jesus Cristo, considerado pelos cristãos como filho unigénito de Deus, tornaria os sacrifícios desnecessários, já que sendo considerado perfeito, não tendo pecado e tendo nascido de uma virgem por graça do Espírito Santo, semelhante a Adão antes do pecado original, seria o sacrifício supremo, interpretado como o maior acto de amor de Deus para com a humanidade.
Na última ceia, Jesus institui o Sacramento da Eucaristia. Nesta, Jesus concretiza o que anunciara ser: o Cordeiro Pascal; o Cordeiro de Deus, convertendo o pão e o vinho no Seu Corpo e Sangue – O Sacramento da Eucaristia.
Na II Leitura (1 Cor 11, 23-26) S. Paulo diz:
“23 Porque recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão;
24 e, tendo dado graças, partiu-o e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim.
25 Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim.
26 Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha.”
Narração da instituição da Eucaristia: “…Isto é o meu Corpo entregue por vós…Este cálice é a Nova Aliança do meu sangue.”

Agnus Dei
Trata-se de uma expressão latina utilizada pela religião cristã para se referir a Jesus Cristo, identificado como o salvador da humanidade, ao ter sido sacrificado em resgate pelo pecado original. Na arte e na simbologia iconográfica cristã, é frequentemente representado por com um cordeiro com uma cruz. A expressão aparece no Novo Testamento, principalmente no Evangelho de S. João, onde João Baptista diz de Jesus: “Eis o Cordeiro de Deus, Aquele que tira o pecado do mundo” (João 1:29).
Objecto de devoção

Agnus Dei é por vezes representado por uma pequena peça, geralmente em metal dourado, em forma circular, que costuma ser usada por católicos como sinal da protecção divina.
Rito litúrgico

Na liturgia católica o Agnus Dei é recitado ou cantado durante o início da fração do pão eucarístico. Introduzida na missa pelo Papa Sérgio I (687-701) e baseada em João 1: 29, “…No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!..”, a forma latina é:
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, miserere nobis.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, miserere nobis.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, dona nobis pacem.
Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo, tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo, tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo, dai-nos a paz.
Na música sacra, muitos compositores realizaram verdadeiras obras-primas para esta parte da missa.
Quando a missa é de réquiem, este trecho recita-se ou canta-se da seguinte forma:
Agnus Dei,
qui tollis peccata mundi:
dona eis requiem.
Agnus Dei,
qui tollis peccata mundi:
dona eis requiem sempiternam.
Mozart – Requiem: 13. Agnus Dei (You Tube)