27 agosto 1831, FORTUNATO DE SÃO BOAVENTURA , ARCEBISPO DE ÉVORA, É NOMEADO REFORMADOR GERAL DOS ESTUDOS

D. Fr. Fortunato de S. Boaventura, Arcebispo de Évora

“D. FR. FORTUNATO DE S. BOAVENTURA, foi natural da villa de Alcobaça, e de família honrada, mas pouco abundante de bens, pois me dizem que seu pae exercia ali a profissão de livreiro. Devia nascer pelos annos cie 1778, a serem exactas as informações dadas por seu irmão, que diz contar ejle ao tempo do falecimento 66 annos d’edade. Professou a regra de S. Bernardo no mosteiro da sua pátria a 25 de Agosto de 1795. Passou a Coimbra, para ahi freqüentar os estudos preparatórios, e matriculando-se depois no curso theologico da Universidade, recebeu o grau de Doutor n’aquella faculdade. Destinando-se ao magistério, foi primeiramente professor no collegio das Artes, e depois subiu a Lente de Theologia, em cujo exercício esteve por alguns annos. O sr. D. Miguel, querendo premiar a devoção que elle lhe dedicava e aproveitar os seus talentos, o nomeou em 27 de Agosto de 1831 Reformador Geral dos Estudos, e a 29 de Septembro do mesmo anno Arcebispo d’Evora, sendo confirmado pelo Summo Pontífice Gregorio XVI, e sagrado a 3 de Junho de 1832. Tomou posse da cadeira metropolitana da referida cidade, que governou pouco tempo, pois teve de ausentar-se do reino em Junho de 1834, restabelecido o governo constitucional, do qual sempre se mostrara intrépido e implacável adversário, combatendo as doutrinas liberaes de palavra e por escripto, durante mais de dez annos consecutivos. Refugiando-se na Itália, assentou em Roma a sua residência; d’onde sahia comtudo nos estios, precavendo-se contra as febres que n’essa quadra costumam causar tamanhos estragos n’aquella cidade. O estudo e trabalhos litterarios, que nunca abandonava lhe subministravam unicamente algum lenitivo, servindo-lhe de conforto, para passar menos atribulados os dias de uma vida angustiada, qual não podia deixar de ser a sua em tal situação, vendo triumphar desafrontadamente na pátria princípios c doutrinas, contra as quaes tão deveras se pronunciara I M. em Dezembro de 1844”. (1)

Em 29 de setembro de 1831 é elevado à dignidade de Arcebispo de Évora pelo Papa Gregório XVI, confirmado em 24 de fevereiro de 1832.

No dia 27 de agosto de 1831, D. Miguel continua a sua batalha pela defesa dos ideais tradicionalistas e conservadores.

Nomeia para Reformador Geral dos Estudos  Frei Fortunato de São Boaventura forte apoiante da monarquia tradicional e terrível combatente dos liberais e dos maçons, incessantemente fustigados pelo seu jornalismo panfletário.

Numa ação levada a cabo em periódicos, folhetos e pastorais lança-se na defesa dos Jesuítas e da Santa Religião.  Publica em Minerva Lusitana (1808-1809), Punhal dos Corcundas (1823-1824), Maço Férreo Anti-Maçónico (1823), Mastigoforo (1824), A Contra-Mina, periódico moral e político (1830-1832) e O Defensor dos Jesuítas (1829-1833),

A partir de 1834, com o triunfo do liberalismo, acompanha D. Miguel para o exílio onde assume a direção da causa Legitimista.

SÃO BOAVENTURA, Fortunato de – O Defensor Dos Jesuitas. Lisboa: Na Impressão Regia, 1829-1833

Armas de D. Frei Fortunato de São Boaventura

Escudo oval sob galero de onde pendem dois cordões de 10 borlas cada, cruz arquiepiscopal, coronel de cinco florões aparentes, ladeado por mitra e báculo.
Cortado: I – Virgem Maria segurando um crucifixo. II – Escudo oval com as armas da ordem de Cister.
Legenda: D. FR. FORTUNATUS. AS. BONAVENTURA. ARCHIEP. EBORENSIS.

(1) In INNOCENCIO, Diccionario Bibliographico Portuguez, Tomo II. Lisboa: Imprensa Nacional, 1859.