Fachadas das Igrejas Jesuítas em Portugal

O objectivo principal na construção de um edifício religioso/escolar da Companhia de Jesus baseou-se em criar um conjunto equilibrado que incluísse diversos espaços para os vários grupos que o habitavam.

Os jesuítas dedicaram desde sempre cuidados especiais no tratamento das fachadas das suas igrejas. No séc. XVI, dominavam nas fachadas jesuítas os valores planimétricos, sem qualquer elemento decorativo, no seguimento dos ideais saídos do Concílio de Trento e como reflexo dos ideais jesuítas de pobreza e simplicidade. Mas a partir de meados do séc. XVII surgem nas fachadas efeitos escultóricos e rítmicos, com a introdução de nichos que albergavam estátuas de santos da Companhia. A preocupação de criar modelos de fachadas tinha como intenção a propagação da fé e de modelos de santidade.

Os jesuítas, considerando a pregação da Palavra de Deus como prioridade de toda a acção pastoral tornaram a igreja numa igreja de pregação, catequista, contra a Reforma Protestante que se espalhava por toda a Europa.

igreja de Gesú, em Roma, tornou-se o modelo arquitectónico a seguir, aquele que traduz as leis e as regras da Companhia de Jesus.

Arquiteto
Giacomo Barozzi da Vignola, Giacomo della Porta
Início da construção
1568
Fim da construção
1580

Seguidamente, iremos mostrar alguns exemplos de fachadas de Igrejas Jesuítas em Portugal.

I – Paço Real de Santarém / Colégio de Nossa Senhora da Conceição / Seminário de Santarém / Catedral de Santarém / Sé de Santarém

1673 – o projeto da fachada foi aprovado em Roma, pelo Geral da Companhia, sendo atribuível a João Nunes Tinoco.

A fachada principal tem afinidades compositivas com a Sé Nova de Coimbra, com estrutura tripartida, flanqueada por dois panos, que corresponderiam às torres sineiras, não construídas, rasgada por três portais de verga reta e vazada por janelas e nichos, contendo os principais Santos da Ordem, rematada por tabela com a imagem do orago, flanqueada por aletas e rematada em frontão de lanços.

Nos nichos, podemos ver as imagens de Santo Inácio de Loyola e São Francisco Xavier e São Francisco de Borja e São Luís Gonzaga.

A fachada possui várias inscrições, alusivas aos santos da Ordem e às Litanias Marianas, bem como datas de construção e reforma.

Fotografias: Francisca Veiga

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II – Colégio do Espírito Santo / Colégio da Companhia de Jesus / Universidade de Évora

A construção desta igreja resultou da fundação do Colégio do Espírito Santo, da Companhia de Jesus, instituído na cidade de Évora, na segunda metade do século XVI.

Iniciou-se em 4 de outubro de 1566, sacrificando-se o primitivo Convento do Salvador (de freiras clarissas).

A fachada, de aspeto pesado e imponente, em estilo chão, ritmada por pilastras toscanas colossais e rematada por frontão triangular sobre um óculo, seguiu o esquema da primeira fase construtiva da Companhia de Jesus, constituindo a única diferença a solução de galilé (caso único na arquitectura dos jesuítas em Portugal), com acesso por arcadas.

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III – Igreja e Colégio de São Lourenço / Igreja e Convento dos Grilos / Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição (Porto)

1690 – início da construção da atual fachada principal da igreja.

1709 – conclusão da fachada principal da igreja.

Em dia de S. Lourenço do ano de 1570, os jesuítas lançaram a primeira pedra da sua igreja e colégio nas imediações do Paço Episcopal, em estilo maneirista barroco-jesuítico, financiados por doações de fiéis, assim como por Frei Luís Álvaro de Távora, Comendador de Leça do Balio, da Ordem de Malta, cujo brasão de armas encima a fachada principal.

Fachada com dois registos marcados por entablamento, e estrutura tripartida, definida por pilastras, desenvolvendo-se, em cada pano, uma composição simétrica de vãos alinhados, compostos por portais, janelões, nichos e janelas fingidas.

Apresenta torres sineiras, desenvolvidas a partir de aletas no segundo registo, dando a ilusão de escalonamento da fachada.

A monumental fachada principal da igreja cria um espaço cenográfico face ao pequeno largo onde se implanta, ajudando a acentuar a sua verticalidade, também conseguida pelo facto da fachada se desenvolver acima da cobertura, criando vãos rectangulares abertos sem funcionalidade.

Possui um esquema único de implantação das sineiras, que se desenvolvem a partir dos panos laterais da fachada principal, ligeiramente recuadas e sobre as aletas que flanqueiam o remate.

Fotografias: Francisca Veiga #franciscabrancoveiga #franciscaveiga #historia4all #ConventodosGrilos #fachadasdeigrejasjesuitas

IV – Colégio de São Sizenando / Colégio de São Francisco Xavier / Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Portimão

1659, 26 Agosto – carta de doação onde Diogo Gonçalves lega todos os seus bens à Companhia de Jesus, pretendendo, através desta, fundar uma casa de ensino na sua terra natal, Vila Nova de Portimão.

1660, 21 Outubro – lançamento da 1ª pedra; o fundador, Diogo Gonçalves, dedica a igreja a S. Francisco Xavier, apóstolo da Índia; o projecto e traça pertence ao Padre Bartolomeu Duarte, matemático jesuíta e herdeiro do fundador, contando ainda com contributos do arquitecto João Nunes Tinoco; de Lisboa veio o construtor António Gonçalves.

1707, 3 Março – é inaugurada a igreja do Colégio onde se contou com uma novena matinal dedicada ao seu padroeiro, S. Francisco Xavier, e vários sermões pregados pelos religiosos do Colégio e pelo Padre Lente de prima de Moral, de Faro.

Segundo a inscrição no túmulo de D. Diogo Gonçalves, a cerimónia do lançamento da primeira pedra teve lugar em 21 de outubro de 1660. Em maio de 1663, este obteve do Geral da Companhia de Jesus o reconhecimento oficial como fundador do colégio. Em 13 de março de 1664, elaborou o seu testamento, onde legou aos padres da Companhia de Jesus uma renda anual no valor de 300 mil Réis, dez moios de trigo, um lagar de azeite em Estômbar e vários terrenos. D. Diogo Gonçalves falece em 17 de junho desse ano, aos 73 anos de idade, não chegando a ver o edifício concluído. O colégio começou a funcionar em 1704, de forma provisória.

A igreja foi inaugurada ao culto em 3 de março de 1707, e em agosto desse ano o colégio foi definitivamente aberto.

Fachada

Fachada principal voltada a Sul, simétrica e escalonada, constituída por um corpo central saliente e dois laterais mais pequenos e ligeiramente recuados, sendo o corpo central dividido verticalmente em 3 partes, separadas entre si por duplas pilastras de pedra lisa assentes em peanhas, com quatro registos vazados na parte central, três nas partes que a ladeiam e dois nos corpos adossados, divididos por cornijas, em pedra entre o primeiro e o segundo, e em alvenaria entre os restantes, e limitados por cunhais apilastrados em cantaria com pedra rusticada no corpo central e em alvenaria nos adjacentes.

A parte central, apresentando um embasamento em pedra, correspondente à igreja, tem no registo inferior três portais, com acesso por quatro degraus, em cantaria de verga, definindo cada um deles os três panos que a constituem, sendo os laterais simples, com frontão circular, e o principal, o maior destes, coroado por frontão interrompido com coroa real em pedra e cruz gravada; os registos seguintes, por janelas de cantaria e com guarda de ferro, rasgadas até ao nível do pavimento e com bandeira no segundo registo; o último por frontão com arco de querena, com óculo oval e uma pedra abrasonada ao centro envolvidos por um trabalho em massa, sendo encimado por uma cruz de pedra; as partes que ladeiam a central têm cada uma três panos, situando-se os portais, de cantaria de verga simples, no pano que se encontra mais próximo do centro da fachada, sendo os restantes panos ocupados por janelas; o segundo registo, com janelas de cantaria rasgadas até ao nível do pavimento e com bandeira; o terceiro registo termina obliquamente acompanhando a inclinação das águas do telhado, tendo apenas uma janela situada no pano do portal.

Gravura: Gravura de 1813 com uma vista panorâmica de Portimão, então denominada de Villa Nova de Portimão, na região do Algarve, em Portugal. Foi provavelmente feita com base num ponto de vista a partir de Ferragudo, tendo em primeiro plano o estuário do Rio Arade. No centro, destacando-se do casario, são claramente visíveis os edifícios da Igreja Matriz e do Colégio dos Jesuítas. Biblioteca Nacional de Portugal.

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V – Colégio dos Jesuítas / Câmara Municipal e Tribunal de Comarca de Gouveia

15 Agosto 1723 – fundação do Colégio, dedicado à Santíssima Trindade, pelo Mestre de Campo António de Figueiredo Ferreira.

9 Setembro 1734 – contrato para a construção do colégio com os mestres António do Vale, de Gouveia, António Lourenço e Manuel do Vale, ambos de Caminha.

1739 – inauguração do colégio;

1 Julho 1743 – o Padre Bernardo Vieira era vice-superior e procurador geral do convento, residente nele.

Fevereiro 1759 – na data do sequestro dos bens dos Jesuítas, as obras não se encontravam concluídas e o edifício albergava apenas 5 religiosos.

Pertenceu ás nobiliárquicas famílias dos Távora e dos Figueiredo, como documentam os brasões sobre as duas portas laterais com as armas nacionais da época joanina.

Fachada

Fachada principal virada a Sul, com organização simétrica, a partir da zona central, tripartida, compondo o acesso à igreja, através de três portas de verga recta encimadas por janelas, as centrais a iluminar o coro-alto; os panos laterais possuem janelas rectilíneas, umas de maiores dimensões e mais decoradas, encimadas pela cornija do remate, alteada e curva, criando falsos frontões semicirculares, já de inspiração barroca, a marcar os corredores interiores de circulação. Fachadas circunscritas por cunhais apilastrados, rematadas em friso, cornija e platibanda, e rasgadas regularmente por janelas rectilíneas, algumas de maiores dimensões, com solução semelhante às da fachada principal, a marcar os corredores, algumas delas de sacada.

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VI – Colégio de São João Evangelista. Portugal, Ilha da Madeira (Madeira), Funchal, Funchal (São Pedro)

1567 – primeira visita dos Jesuítas ao Funchal

1569, 20 agosto – alvará régio de fundação do colégio, que recebia um dote anual de 600$000

1570, março – chegada dos Jesuítas ao Funchal para a fundação do colégio

1575, 23 Setembro – envio para Roma da planta geral do colégio e igreja para aprovação, sendo as primeiras traças atribuíveis a Mateus Fernandes, não sendo de descorar a hipótese de terem vindo de Lisboa, da autoria de Baltasar Álvares

1750 – chegam de Lisboa as imagens da fachada

Fachada

Igreja com fachada principal virada a Sul, rebocada e pintada de branco, com embasamento em cantaria, de disposição simétrica, integrando o corpo tripartido pelos vãos e duas torres sineiras ao mesmo nível, rematando o conjunto em empena com cruz latina no vértice, assente em plinto volutado.

O corpo divide-se em três registos separados por friso e cornija, o inferior rasgado por três portais com molduras de cantaria, flanqueados por pares de colunas toscanas assentes em plintos almofadados, suportando friso geométrico e frontão, nos portais laterais, de verga recta, de perfil triangular, e, no central, mais elevado e de volta perfeita, interrompido; o registo intermédio possui janelão central flanqueado por pilastras toscanas e encimado por frontão semicircular, ostentando avental de alvenaria enquadrando uma cartela em mármore branco com o “trigrama”, emblema da Companhia.

O conjunto é flanqueado por quatro janelas sobrepostas articuladas por cornija a sublinhar o duplo andar, as inferiores de varandim com guarda metálica; no terceiro piso, janela rectilínea central, encimada por armas nacionais em mármore, envolvidas por moldura fitomórfica e ladeado por dois nichos de volta perfeita assentes em pilastras toscanas e remates em cornija, contendo Santos da Companhia.

As torres dividem-se em três registos, demarcadas por três ordens de pilastras de cantaria regional e rematadas por eirados com balaustrada encimada nos cunhais por pináculos, tudo em cantaria; o primeiro registo, bipartido, possui nichos semelhantes aos anteriores, com imagens, surgindo, no segundo, duas janelas de varandim sobrepostas, repetindo o módulo do corpo da igreja; no piso superior, uma janela semelhante às anteriores.

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VII – Igreja do Salvador / Colégio de Santiago de Elvas / Igreja Paroquial do Salvador / Biblioteca Municipal de Elvas

1643, 4 Fevereiro – a fundação do colégio foi aprovada por D. João IV

1679 – é enviado o Padre Bartolomeu Duarte para riscar a igreja e novo colégio

4 Julho – o bispo Jerónimo Soares lança a primeira pedra do edifício

1692, 17 Agosto – inaugurada a igreja do colégio com solene procissão

18 Agosto – rezada a primeira missa no templo, pelo bispo D. Jerónimo Soares

FACHADA

Fachada principal a NorOeste., refletindo o interior, com três registos definidos por friso e cornija saliente, que se prolongam pelo alçado NO. do corredor adossado à direita; embasamento em pedra; três panos, definidos por pilastras sobre plintos, correspondentes, o central à nave, os extremos às torres sineiras rematados pelos corpos das sineiras mais elevados; panos das torres cegos, sineiras em arco de volta perfeita, pináculos nos eirados e catavento de ferro forjado coroando os coruchéus; pano central rasgado inferiormente por três portais em mármore, os laterais encimados por frontão curvo coroado de pináculo, o central, mais elevado, encimado por frontão interrompido; sobre este cartela inscrita, pétrea, de concheados e enrolamentos envolta por festão pendente; no registo intermédio rasgam-se três janelões, axiais aos portais, com vergas dupla encimadas por cornija saliente junto à linha da cornija divisória do alçado; no terceiro registo três janelões idênticos; remate em empena e cornija, coroada no vértice por cruz de pedra e com óculo moldurado rasgado no tímpano.

Inscrição comemorativa de doação gravada na cartela que encima o portal central da igreja. Sulcos das letras preenchidas com betume preto. Mármore. A altura a que se encontra impossibilita a obtenção de medidas.Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: EL REI DOM AFONSO VI COMO GRÃO MESTRE E GOVERNADOR DA ORDEM DE AVIS FEZ MERCÊ COM LICENCA DO SUMO PONTÍFICE AOS RELIGIOSOS DA COMPANHIA DE JESUS DA ERMIDA DE SANTIAGO PARA NELA SE FUNDAR ESTA IGREJA – ANO DE MDCLIX.

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VIII – Colégio de São Paulo / Igreja de São Paulo e Seminário de Santiago / Seminário Conciliar de São Pedro e São Paulo / Museu Pio XII

BRAGA

ARQUITETOS: Padre Silvestre Jorge (1567); Gonçalo Dias (1586-87).

1560 – o Arcebispo D. Frei Bartolomeu dos Mártires doou o estabelecimento escolar com todas as rendas anexas, aos Padres da Companhia de Jesus, que consistiam nas igrejas de Santa Maria do Vimieiro e de São Salvador de Mazedo.

1563 – o Papa Pio IV, pela Bula “Superni dispositione” aprovou e confirmou o contrato de doação do Colégio de São Paulo, Estudos e Igreja à Companhia de Jesus.

1566 – preparativos para o início da construção da igreja.

31 outubro – início da construção da igreja.

1785 – o Arcebispo Gaspar de Bragança entregou o colégio às Ursulinas de Viana que aqui se estabeleceram até 1878.

1957 – o reitor do Seminário Cónego Luciano dos Santos fundou o Museu Pio XII, e atualmente serve de Casa Sacerdotal.

A fachada principal da igreja abre-se para o Largo de São Paulo, calcetado, situando-se a N. a Igreja Paroquial de Santiago da Cividade.

Igreja com fachadas em cantaria de granito aparente, com aparelho isódomo, à excepção da lateral S. e capela-mor, rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento saliente e rematadas por cornija e beiral, com cunhais apilastrados toscanos. Fachada principal orientada, de dois registos separados por friso, com três panos, definidos por dupla ordem de pilastras toscanas, sendo as dos extremos agrupadas em par; as pilastras do segundo registo, rematadas por pináculos piramidais com bola, suportam entablamento, interrompido ao centro por óculo, formando frontão triangular no remate, com cruz latina no vértice. O registo inferior possui, no pano central, portal em arco de volta perfeita, enquadrado por pilastras toscanas, emolduradas, rematado por entablamento, encimado por frontão triangular, com acesso por quatro degraus; o superior possui, nos panos laterais, janelas rectangulares assentes no friso de separação.

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IX – Igreja do Colégio de Nossa Senhora da Conceição de Campolide / Igreja Paroquial de Campolide / Igreja de Santo António

Arquitetura educativa, ecléctica. Colégio jesuíta composto por igreja (de planta longitudinal) à direita e edifício residencial de planta rectangular.

A igreja segue o modelo das igrejas das Ordens mendicantes em Portugal.

FACHADA DA IGREJA

A fachada da igreja é de corpo único, delimitado lateralmente por pilastras e rematado por frontão triangular, é de assinalar o portal, com ombreiras de cantaria e frontão curvo, encimado pelo grande óculo que ilumina o coro. Uma torre sineira de secção quadrada encontra-se adossada ao lado.

CRONOLOGIA

1858 – fundação do colégio da Companhia de Jesus de Campolide pelo padre Carlos Rademaker, numa quinta denominada da Torre, adquirida pela Companhia de Jesus ao poeta João de Lemos

1879, 8 de Dezembro – lançamento da 1ª pedra da igreja de Nossa Senhora da Conceição, anexa ao colégio com a mesma invocação

1884, 30 de Abril – inauguração da Igreja

1909 – colocação de relógio na torre sineira

1910, Outubro – extinção do colégio

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X – Colégio de São Francisco Xavier / Palácio Fryxell / Instituto Politécnico de Setúbal

FACHADA atual do Colégio de São Francisco Xavier

Localização aproximada da igreja de S. Francisco Xavier.


Lamentavelmente, a reprodução do layout arquitetónico da igreja do Colégio de Setúbal é inviável. Ao longo do tempo, diferentes ocupações e eventos naturais causaram mudanças significativas nos espaços, resultando na total obliteração da sua disposição e estrutura original, deixando para trás pouca ou nenhuma evidência física dessa organização.

No final do séc. XIX Alberto Pimentel e Augusto Pinho Leal dão-nos a conhecer mais um pouco acerca da localização da igreja:

– «Consta que era de boa arquitectura, e tinha a fachada voltada para o fundo da egreja parochial de Santa Maria» (Pimentel, 1877)*.

– «Era de boa architectura, tendo a frente para o fundo da egreja da Sra da Graça» (Pinho Leal, 1880)**.

*PIMENTEL, Alberto. Memória sobre história e administração do Município de Setúbal, Lisboa, C.M. de Setúbal, 1877.

**LEAL, Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Diccionario geographico, estatistico, chorographico, heraldico, archeologico, historico, biographico e etymologico, de todas as cidades, villas e freguezias de Portugal, Lisboa, Matos Moreira & Companhia, 1880.

CRONOLOGIA

1654, 1 Março – é nomeado um local para criação do Colégio, no sítio das Amoreiras, até à estrada que ia para o terreiro de Jesus; as despesas de construção seriam custeadas com esmolas da população

1655/56 – edificação da Igreja (o Visitador a 8 de maio de 1656 benzeu e lançou a primeira pedra da igreja)

1755, 1 Novembro – destruída a primeira igreja com o terramoto, saindo ilesa a capela-mor que fica então a servir de igreja

1755 – 1758 – o padre Malagrida, reitor do Colégio, empreende obras de reconstrução

– os actos religiosos passaram a decorrer na Capela de São Francisco Xavier

– a Igreja tinha a frente virada para o fundo da Igreja da Senhora da Graça

1758, 2 Setembro – alvará régio leva à expulsão da Companhia de Jesus e ao abandono do Colégio.

In http://www.monumentos.gov.pt

PINHO, Inês- De Colégio de S. Francisco Xavier a Palácio Fryxell.

Veja inclusive, sobre outros espaços da Companhia de Jesus:

– VEIGA, Francisca Branco. Noviciado da Cotovia: O Passado dos Museus da Politécnica 1619-1759, 2009; https://franciscabrancoveiga.com/2022/07/20/historia-do-noviciado-da-cotovia-da-companhia-de-jesus-cronologia/;

– Noviciado S. Francisco de Xavier (1706-1758). VEIGA, Francisca – “O noviciado como escola de formação de missionários: o noviciado de São Francisco de Xavier, de Arroios”. Comunicação proferida no Hospital de Santa Marta, Lisboa, 18/04/2012. Colóquio “Franciscanos, Jesuítas e Doutores: 500 anos a fabricar ideias de futuro para este mundo e o outro”. In https://franciscabrancoveiga.com/…/noviciado-s…/

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XI – Colégio de São Francisco Xavier / Igreja Paroquial da Horta, Açores

Ilha do Faial (Açores), Matriz

Fachada principal: portal da zona regral 

Arquitectura religiosa educativa, maneirista e barroca. Pertenceu a um Colégio da Companhia de Jesus, de planta rectangular regular, onde se inseria a igreja ao centro, uma zona conventual e outra colegial adossadas.

Fachada principal harmónica, com o corpo tripartido pelos vãos que a rasgam, flanqueada por torres sineiras à mesma altura, seguindo uma tendência típica das Ilhas, numa solução que a Companhia divulgou nos imóveis construídos no séc. XVII, estando presente nas fachadas dos Colégios de Elvas, Santarém, Angra, Ponta Delgada e Funchal, bem como na Casa Professa de Vila Viçosa. Fachadas circunscritas por cunhais apilastrados e rematadas em friso e cornija.

«IGREJA com fachada principal de tratamento simétrico, integrando, lateralmente, duas torres sineiras, à mesma altura do corpo central, com tratamento tripartido, dividido por quatro ordens de colunas e pilastras toscanas, definindo os quatro registos, separado por friso e cornija, que, no superior, são de maiores dimensões e mais salientes, correspondendo ao ligeiro recuo do muro.

No primeiro registo, rasgam-se três portais de verga reta e molduras recortadas, o central de maiores dimensões; nos três restantes, surgem, três janelas rectilíneas, as primeiras de varandim com guarda metálica, sendo, as do piso superior, rematadas em frontão, triangular no centro e semicircular sobre as laterais.

O corpo remata em tabela retangular vertical, enquadrando um resplendor envolvido por motivos vegetalistas, flanqueada por pilastras toscanas, encimadas por pináculos e aletas, sendo rematada por friso, cornija e espaldar contracurvado, sobre o qual surge cruz latina.

As torres dividem-se em quatro registos, os inferiores com janelas em capialço, os intermédios com janelas rectilíneas, as primeiras de varandim, e, no registo superior, as sineiras em arco de volta perfeita, assentes em impostas salientes; rematam em friso e cornija, encimados por pináculos e têm cobertura em cúpula»*. 

CRONOLOGIA

1648, 25 Novembro – falecimento do capitão Francisco Dutra de Quadros, que, em testamento, efectuado a 15 de Fevereiro de 1644 e aprovado a 8 de Junho de 1645, deixou bens para a fundação de um colégio da Companhia de Jesus

1652, 15 Outubro – fundação do Colégio de São Francisco Xavier, por ordem do vice-provincial Jerónimo Vogado, enviando um visitador e três padres, que chegaram no dia 21 do mesmo mês; lançamento da primeira pedra.

1680 – início da construção da igreja.

1759, 23 Junho – alvará extinguindo as classes e as escolas jesuíticas.

3 Setembro – ordem para a extinção da Companhia de Jesus.

1760 – expulsão da Companhia de Jesus, ficando por concluir o interior da igreja.

1825, A igreja tornou-se matriz.

1926, 31 Agosto – um terramoto abala o edifício.

1926 – 1930 – reconstrução do imóvel.

18 de Julho – criação do Museu da Horta.

2000 – criação do Núcleo Museológico dos Capelinhos para acolher a exposição permanente sobre a erupção vulcânica de 1957.

HOJE, o edifício alberga o Museu da Horta e a Câmara Municipal. 

*VEJA_SE, CARITARui, “O Colégio Jesuíta de São Francisco Xavier no Faial”, in O Faial e a periferia Açoriana nos séculos XV a XX, Horta, 1998, pp. 113-153; AFONSO, João, “A Igreja do Colégio de Angra no conjunto dos templos insulares da Companhia de Jesus (esboço de um estudo comparativo)”, in Atlântida, vol. X, n.º 1, Janeiro – Fevereiro 1966, pp. 55-60; http://www.monumentos.gov.pt

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VEIGA, Francisca Branco (2024), Fachadas das Igrejas Jesuítas em Portugal (blogue da autora Francisca Branco Veiga). Disponível em: https://franciscabrancoveiga.com/ [01 de Abril de 2024].