Esta pintura de Domingos da Cunha, o “Cabrinha”, é referente à história do nascimento de Jesus. Isabel, a antes estéril esposa do sacerdote Zacarias, está no sexto mês de gravidez de João Batista. Maria, que como Zacarias havia igualmente recebido o anjo Gabriel, está grávida de Jesus e resolve ir à Judá visitar Isabel, sua prima, pois o anjo também lhe anunciara sobre a gravidez desta na velhice.
Logo que Maria chegou e Isabel ouviu sua saudação, a criança estremeceu de alegria em seu ventre e ela, tomada pelo Espírito Santo, exclamou: “ Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.”
Foi neste momento que Maria entoou o Magnificat, um cântico que tem grandes semelhanças com o de Ana (1 Sm2, 1 – 10) e com outras passagens do Antigo Testamento. O seu principal tema é a glorificação a Deus e em segundo plano o socorro aos pobres e oprimidos, a eleição de Israel por Deus e a promessa feita a Abraão.
Este é o texto redigido pelo evangelista Lucas:
I. “A minha alma engrandece o Senhor
II. e o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador,
III. porque olhou para a humilhação de sua serva.
IV. Sim, doravante as gerações todas me chamarão bem-aventurada,
V. pois o Todo-Poderoso fez grandes coisas por mim. O seu nome é santo
VI. e a sua misericórdia perdura de geração em geração para aqueles que o temem
VII. Agiu com a força de seu braço, dispersou os homens de coração orgulhoso
VIII. Depôs os poderosos de seus tronos e a humildes exaltou.
IX. Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias.
X. Socorreu Israel, seu servo, lembrado de sua misericórdia
XI. conforme prometera a nossos pais – em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre!”.

Domingos da Cunha
séc. XVII
Autor Foto: Francisca Branco Veiga