
[Irmão Domingos da Cunha (entrou na S.J. 1632 – m. 1644) foi Coadjutor na Casa de Provação da Cotovia[1]. Entrou no noviciado já com 34 anos. O jesuíta António Franco refere que se dava muito à oração e à mortificação e tinha uma devoção muito intensa pela imagem de Nossa Senhora da Graça, que se encontrava na capela do cruzeiro da igreja do noviciado. Tinha muitos arrebatamentos sobrenaturais e devido ao excesso de trabalho ficou tísico, levando-o à morte. O padre Bernardino de Sampaio (entrou na S.J. 1608, em Évora – m. 1654) foi Reitor da Casa da Cotovia e escreveu sobre a vida de Domingos da Cunha.]
O pintor Domingos da Cunha (1598-1644), noviço e coadjutor da Casa de Provação da Cotovia, pintou mais de cinquenta telas[2] para o noviciado, infelizmente não se encontra no MNHNC nenhum exemplar para que possamos perpetuar o seu nome como noviço dessa casa. Mesmo assim, não podemos deixar de fazer referência a algumas das suas pinturas, como a Visitação, que se encontra na sacristia da Igreja de S. Mamede, a Assunção da Virgem, pintura do retábulo da Capela-mor da igreja do noviciado, desaparecida no início do século, referida no manuscrito da BNP sobre a História de Lisboa, como sendo uma pintura deste pintor[3], e ao conjunto de painéis sobre a vida de Santo Inácio de Loyola que se encontram na sacristia da igreja de S. Roque e aos quais muitos investigadores de arte se referem como “pertencentes” à casa do Noviciado da Cotovia[4]. Obras que este pintor criou para o noviciado onde viveu e que são, todas elas, excelentes exemplares da sua boa mestria como pintor religioso[5].
As pinturas do jesuíta Domingos da Cunha são um bom exemplo da arte como pedagogia. Fez a sua formação artística em Madrid na oficina do pintor régio Eugénio Caxès (1575-1634) absorvendo a técnica «…suave de modelação cálida e luminosa, de ressaibos venezianos e florentinos «reformados», os rasgos naturalistas de modelado e de caracterização figurativa, a iconografia complexa, e a fresca soltura de paisagismo»[6].
Podemos caracterizar a pintura de Domingos da Cunha como, algo tenebrista, de composição em claro-escuro, com focos de iluminação contrastante e artificial, baseando-se no ambiente pictural madrileno, na sua feição mais radical.
Do seu Mestre recebeu o gosto italiano do «…«realismo lumínio» e do colorido manchado e quente…», visível na série de telas sobre a vida de Santo Inácio, que se encontram na nave da igreja de S. Roque, assumindo assim o epíteto de artista da “geração de modernidade” protobarroca.
Alem de ser considerado um pintor religioso, é também celebrado como retratista e pode-se afirmar que «foi moda ser retratado por ele, embora se pagasse caro»[7].
Igreja de S. Mamede, pintura “VISITAÇÃO”

Domingos da Cunha (Cabrinha)
Igreja de S. Mamede (Lisboa), Sacristia.
Pintura a óleo, cerca de 1630
Suporte: Tela
Dimensões:
1, 48m × 2,09m
Descrição:
Ao centro Maria SSª cumprimenta a sua prima Isabel. À esq. Do observador, S. Jose faz festas a um cão. Atrás dele apruma-se um retrato seguido de outra figura feminina. Do lado direito Zacarias (sacerdote do Templo de Jerusalém, pai de João Baptista e esposo de Isabel) avança de braços abertos, tendo junto de si outro figurante, com mão em posição esquisita. Será o autorretrato de Cabrinha, vestido de negro, com colarinho típico dobrado sobre a gola, no gosto elegante da época?
Segundo Vitor Serrão,[8] e para o jesuíta Costa Lima[9] esta pintura pertencente ao “…extinto Colégio jesuítico da Cotovia…”. Joaquim O. Caetano refere que Domingos da Cunha executou “…algumas pinturas para o Noviciado da Cotovia, entre as quais uma «Visitação» que se encontra na Sacristia da Igreja de S. Mamede…”[10] tal como também o afirma Costa Lima, assegurando que “…o quadro fora da Politécnica, antigo Noviciado dos jesuítas, onde o famoso e santo artista reparou a sua vida boémia…”[11]. Pensa-se, sem ter certeza nenhuma nem nada que o prove, que Domingos da Cunha se introduziu como personagem nesta pintura devido aos traços fisionómicos algo bexigosos e orientalizantes de uma figura.
Pintura de muito boa qualidade onde se visualiza muito bem a influência do seu professor de pintura em Madrid, Eugénio Caxès. Esta pintura revela-nos uma excelente qualidade de desenho, definindo um “pintor hábil e bem adestrado”. Podemos encontrar nas telas de Santo Inácio, pintadas pelo mesmo pintor, o mesmo tipo de figurinos, rigor no desenho, de sentimento cromático e com a tentação de um claro-escuro vigoroso.
Com a supressão da Companhia de Jesus e sequestro dos seus bens e papéis, e a perda das tradições orais perdemos um pouco da nossa história e a possibilidade de identificar muitas peças no âmbito da História da Arte, tal como alguns dos personagens retratados, como é o caso aqui referido.
Igreja de São Roque, Pinturas de Domingos da Cunha

Pintura a óleo, cerca de 1640-1644
Série de catorze painéis da VIDA DE SANTO INÁCIO DE LOYOLA
Suporte: Tela
I – Santo Inácio de Loyola recebendo a visita de São Pedro
II – Santo Inácio dando as roupas a um mendigo em Montserrat
III – Êxtase de Santo Inácio de Loyola em Manresa
IV – Santo Inácio de Loyola Esmolando
V – O Senador Marco António Trevisano encontra Santo Inácio de Loyola dormindo sobre as arcadas de S. Marcos de Veneza
VI – Santo Inácio de Loyola agredido por um guarda no Monte das Oliveiras em Jerusalém
VII – Missa de Santo Inácio de Loyola em Montmartre.
VIII – Encontro de Diogo de Gouveia com Santo Inácio de Loyola no Colégio de Santa Bárbara em Paris.
IX – Conversão de um fidalgo pecador por Santo Inácio de Loyola perto de Paris
X – Visão de Santo Inácio de Loyola na capela de La Storta
XI – Missa de Santo Inácio de Loyola em Monte Cassino
XII – O Papa Paulo III aprova os estatutos da Companhia de Jesus
XII – Visão mística de Santo Inácio de Loyola durante a celebração da missa.
XIV – Morte de Santo Inácio de Loyola
Descrição:
Estes catorze quadros encontram-se colocados sobre o arcaz da Sacristia da Igreja de S. Roque acima da série xaveriana de André Reinoso, do séc. XVIII. Para Vitor Serrão e também referido por Reynaldo dos Santos, esta série da sacristia é de nível inferior à da nave da Igreja, «mostrando ser obra de colaborações díspares, como também que estava mal montada sobre o arcaz»[12]. Foram aí colocados, possivelmente, pós-terramoto com a consequente destruição do Noviciado da Cotovia, pois o espaço onde foram colocados não parece adaptado à série.
Para pintar estas telas o pintor Domingos da Cunha utilizou as gravuras da Vita Beattii Patris Ignatii Loyolae Religionis Societatis Iesu Fundatoris ad Vivum Expressa ex ea quam, de P. Petrus Ribadeneyra, publicada em 1610 por Cornelis Galle, em Antuérpia, com dezasseis buris de Cornelis e de Theodore Galle, de Adrien e Johann Collaert e de Charles de Mallery[13]. Mas nota-se outras influências, ao nível estético, com alguma modernidade, saído dos modelos «caravagescos». É visível ao nível pictórico um desequilíbrio, mostrando que, possivelmente, um colaborador seu também participou nesta construção[14].
Luís Moura Sobral estudou o ciclo hagiográfico da sacristia de S. Roque e concluiu o seguinte acerca dos painéis da Vida de Santo Inácio: estes não estão dispostos seguindo uma narrativa biográfica; dois dos quadros repetem o mesmo episódio; oito das telas foram feitas cerca de 1619, com legendas na banda inferior em castelhano e com figuras de pequena escala; as restantes seis pinturas tem figuras monumentais, com efeitos tenebristas e alguns exageros na representação anatómica e estão legendadas na banda inferior em português. Estas, para Moura Sobral e Joaquim Caetano são as verdadeiras obras de Domingos da Cunha, com semelhanças de composição e de fatura (exceto aquela onde Santo Inácio ouvindo um sermão lhe saem raios da cabeça, que se encontra mais perto das telas da nave da igreja, também elas de Domingos da Cunha), executadas para S. Roque ou reaproveitadas do Noviciado da Cotovia[15].
Sendo estas pinturas de Domingos da Cunha, noviço da Casa de Provação da Cotovia, que pintou para esta casa “mais de cinquenta quadros”[16], e tendo como possibilidade o facto de terem pertencido a este noviciado, não podíamos deixar de as referenciar mesmo sem a certeza dessa possibilidade, inserindo-as na coleção que nos encontramos a investigar, no Museu de Ciência, sempre apoiados em informações de investigadores de arte muito conceituados no nosso país.
** A igreja romana respondendo aos ataques do Protestantismo realizou um conjunto de reformas no seu seio. Através de normas saídas do Concílio de Trento (1545-63) a igreja aboliu o direito da consciência individual humanista e impôs princípios de autoridade dogmática, assumindo um rígido carácter catequético. O Maneirismo foi o primeiro “estilo” da Contrarreforma e veio a incorporar muitas das suas ideologias banindo tudo o que era herético, profano ou impuro nas obras de arte. Mas ao mesmo tempo este Concílio acentuou o interesse pedagógico da veneração das imagens sagradas (Sessão XXV, Papa Pio IV, 03 e 04 de Dezembro de 1563, “A Invocação e Veneração às Relíquias dos Santos e das Sagradas Imagens”)[17]e o artista maneirista aceitou essas normas contrarreformistas de propagação doutrinária, sempre supervisionado pelos bispos, “visitadores” de cada diocese, funcionários da Inquisição e do clero em geral.
O gosto dos jesuítas pela Gesamtkunstwerk ou obra de arte total, mostra que, associando-se a artistas nacionais e estrangeiros, estes “homens de Deus” conseguiram interpretar os princípios estéticos vigentes no mundo católico pós reforma.
As normas saídas do Concílio de Trento foram adotadas pela Companhia a todos os níveis. Inácio de Loyola afirmava que: «Louvar os ornamentos e edifícios das igrejas. Do mesmo modo as imagens. Venerá-las segundo o que representam»[18].
Em outubro de 2020, Vítor Serrão escreveu um artigo para a revista Brotéria, Cristianismo e Cultura cujo artigo tem como título Redescoberta de uma importante tela de Domingos Da Cunha, O Cabrinha (1598–1644). Refere o professor e historiador de arte que, «Num recente leilão de antiguidades e obras de arte moderna e contemporânea realizado em Lisboa pela Cabral Moncada Leilões, a 3 de Dezembro de 2019, foi licitado um belíssimo quadro que representa
O Senador Marco António Trevisani encontra Santo Inácio de Loyola a dormir sob as arcadas de São Marcos em Veneza». Afirma Vítor Serrão que, «Já conhecia esta pintura, aliás, a partir de uma fotografia publicada por
J. da Costa Lima em 1936 num artigo na Brotéria: a tela vinha reproduzida nesse estudo como de colecção particular e proveniente dos acervos do colégio jesuítico da Cotovia, onde faria parte de uma série de telas com a Vida e milagres de Santo Inácio de Loyola que decoravam uma capela da igreja do Noviciado da Companhia de Jesus».
Na minha tese de mestrado sobre o Noviciado da Cotovia encontrei a seguinte informação sobre o local de origem de algumas das pinturas deste pintor jesuíta: «Passando ao segundo piso (do edifício que correspondia ao Noviciado da Cotovia) , por meio de uma escada larga e clara, encontrava-se um corredor que ficava paralelo à fachada. Logo no início desse corredor ficava uma das duas capelas interiores do Noviciado. O fundador desta capela foi Lourenço Lombardo que investiu nela mais de mil cruzados[19]. Devido à sua posição no edifício, no início do corredor e perto da portaria, era frequentada não só pelos noviços mas também por padres externos e nobres. Tinha um tecto de abóbada em gesso decorado a ouro e o chão era de tijoleira com uma pedra de mármore negra ao meio. Do lado esquerdo tinha três janelas de vidro verde por onde entrava a claridade e entre elas havia algumas telas, do pintor jesuíta Domingos da Cunha, com representações da vida de S. Francisco de Xavier. O rodapé de azulejo era pintado com cenas dos mistérios de Nossa Senhora. Entre as portas de acesso à capela havia um grande painel em caixilho de talha dourada onde se via S. Francisco de Xavier morrendo abandonado numa cabana. Em frente às janelas e também sobre o rodapé de azulejos encontravam-se outros quadros de Domingos da Cunha com passos da vida de Santo Inácio de Loyola. A capela-mor era toda dourada, tendo sido o seu retábulo feito por Domingos da Cunha. Contornando o arco dela feito a gesso e raiado a ouro havia a seguinte inscrição: Jesus Cristo Salvador do Mundo. O mobiliário da capela consistia em bancos simples e dois grandes armários dourados para guardar os paramentos[20].
Esta capela ardeu em Dezembro de 1731 devido à chama de uma vela que caiu sobre os estofos que ornamentavam um presépio. Os prejuízos foram cerca de 5.000$000 reis[21]. Encontrámos informação de que se encontrava arruinada em 1759, quando foi feito o inventário dos bens da igreja após a expulsão dos jesuítas de Portugal e do sequestro dos bens[22].»
Pintura do altar-mor da Igreja do Noviciado da Cotovia
“Assunção da Virgem”
Paradeiro desconhecido
Pintura a óleo, cerca de 1635.
Suporte: tela
Dimensões: desconhecidas

Descrição: Painel de grandes dimensões que pertencia ao altar-mor da Igreja do Noviciado da Cotovia. O manuscrito da BNP sobre a História de Lisboa refere que a Capela-mor da Igreja do Noviciado da Cotovia era muito bem proporcionada e tinha no retábulo uma pintura do pintor Domingos da Cunha e «…o lugar em que havia de ter a tribuna se vê hum grande e fermoso paynel que representa a sobida da Virgem Senhora pera o Ceo assistida dos sagrados Apostolos, e dos coros dos anjos, que vam acompanhando o seo triunpho obra de hum Religioso da mesma casa, que nam so foi insigne na arte da pintura, mas também na virtude e perfeyçam religiosa…»[23].
[1] Corresponde ao atual espaço ocupado pelo Museu Nacional de História Natural e da Ciência.
[2] FRANCO, António, Imagem da Virtude…em Lisboa, p.487.
LIMA, J. da Costa, Para a identificação da obra do Mestre Cabrinha, p.28.
[3] BNP, cód. 145 e 429, Capitulo XV, Da Casa do Noviciado da Companhia de Iesus, s.p.
[4] Para Moura Sobral e Joaquim Caetano são as verdadeiras obras de Domingos da Cunha, executadas para S. Roque ou reaproveitadas do noviciado da Cotovia.
SOBRAL, Luís de Moura, Espiritualidade e propaganda nos programas iconográficos…, p. 401.
CAETANO, Joaquim Oliveira, Pintura, Colecção de Pintura da Misericórdia de Lisboa, Século XVI ao Século XX, Tomo I, 1998. Ibidem., p.54
[5] SERRÃO, Vítor, Domingos da Cunha (o Cabrinha). In Dicionário da Arte Barroca em Portugal, p. 143, 144; Idem, A Pintura Proto-barroca em Portugal, 1612-1657, p.125
[6] SERRÃO, Vitor, A Pintura Proto-barroca em Portugal, 1612-1657, p.119; Idem, ” Redescoberta de uma importante tela de Domingos Da Cunha, O Cabrinha (1598–1644)”. In Brotéria, Cristianismo e Cultura, vol. 191-4 (out. 2020), pp. 300-306.
[7] LIMA, J. da Costa, Artistas velhos e novos, p.405.
[8] SERRÃO, Vítor Manuel G. Veríssimo, A pintura Proto-Barroca em Portugal, 1612-1657, Coimbra, 1992, p. 133.
[9] LIMA, J. da Costa, Artistas Velhos e Novos, Lisboa, 1941, p.408.
[10] CAETANO, Joaquim Oliveira, O púlpito e a imagem: os jesuítas e a arte, Lisboa, 1996, p.23 e 54.
[11] LIMA, J. da Costa, Artistas Velhos e Novos, in Brotéria, I, Abril de 1941, p.408.
[12] SERRÃO, Vitor Manuel G. Veríssimo, A pintura Proto-Barroca em Portugal, 1612-1657, p. 140.
[13] SOBRAL, Luís de Moura, Espiritualidade e propaganda nos programas iconográficos, p.402.
[14] Id., ibid., p. 141.
[15]SOBRAL, Luís de Moura, Espiritualidade e propaganda nos programas iconográficos…, p. 401.
CAETANO, Joaquim Oliveira, Pintura. Colecção de Pintura da Misericórdia de Lisboa, Século XVI ao Século XX, Tomo I, 1998.
Id., ibid., p.54
[16] LIMA, J. da Costa, Para a identificação da obra do Mestre Cabrinha, p. 28.
[17] IGREJA CATÓLICA, Concilio de Trento, 1545-1563 — O Sacrosanto e Ecuménico Concilio de Trento em Latim e Portuguez. Tradução e organização por Jean-Baptiste Reycend. Lisboa: Officina patriarc. De Francisco Luiz Amendo, 1781, Tomo 2, p. 347-357.
[18] INÁCIO DE LOYOLA, Exercícios Espirituais (360).
[19] SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Depois do terramoto, p.231
[20] Manuscrito B-5-24/ cód. 429/ cód. 145 da
Biblioteca Nacional de Portugal, são o mesmo documento.
[21] B. N.P., B-12-33 , cap. VII, p.345.
[22] LINO, Raúl, Documentos para a história da arte em Portugal, 4º vol.: Noviciado da Cotovia e Hospício de São Francisco de Borja [do] Arquivo do Tribunal de Contas. – IX, 104, [1] p., [3] f. il., p. 20.
[23] BNP, cód. 145 e 429, Capitulo XV, Da Casa do Noviciado da Companhia de Iesus, s.p.
*Referência deste artigo: VEIGA, Francisca Branco – Noviciado da Cotovia, O Passado dos Museus da Politécnica (1619-1759). Tese apresentada para obtenção do grau de mestre em Ciências da Comunicação – Património Cultural, fev. 2009. Inserção atualizada do artigo de Vítor Serrão, ” Redescoberta de uma importante tela de Domingos Da Cunha, O Cabrinha (1598–1644)”. In Brotéria, Cristianismo e Cultura, vol. 191-4 (out. 2020), pp. 296-311.