23 maio 1179, BULA MANIFESTIS PROBATUM, DOCUMENTO FUNDADOR DO REINO DE PORTUGAL

Manifestis Probatum(ou Manifestus Probatum) é uma bula emitida pelo Papa Alexandre III, a 23 de Maio de 1179, que declarou o Condado Portucalense independente do Reino de Leão, e D. Afonso Henriques, o seu soberano. Esta bula reconheceu a validade do Tratado de Zamora, assinado a 5 de outubro de 1143 em Zamora, pelo rei de Leão, e por D. Afonso Henriques.

Bula papal Manifestis Probatum, o documento fundador do Reino de Portugal

VISITAÇÃO, pintura de Domingos da Cunha

Esta pintura de Domingos da Cunha, o “Cabrinha”, é referente à história do nascimento de Jesus. Isabel, a antes estéril esposa do sacerdote Zacarias, está no sexto mês de gravidez de João Batista. Maria, que como Zacarias havia igualmente recebido o anjo Gabriel, está grávida de Jesus e resolve ir à Judá visitar Isabel, sua prima, pois o anjo também lhe anunciara sobre a gravidez desta na velhice.

Logo que Maria chegou e Isabel ouviu sua saudação, a criança estremeceu de alegria em seu ventre e ela, tomada pelo Espírito Santo, exclamou: “ Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.”

Foi neste momento que Maria entoou o Magnificat, um cântico que tem grandes semelhanças com o de Ana (1 Sm2, 1 – 10) e com outras passagens do Antigo Testamento. O seu principal tema é a glorificação a Deus e em segundo plano o socorro aos pobres e oprimidos, a eleição de Israel por Deus e a promessa feita a Abraão.  

Este é o texto redigido pelo evangelista Lucas: 

I. “A minha alma engrandece o Senhor

II. e o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador,

III. porque olhou para a humilhação de sua serva.

IV. Sim, doravante as gerações todas me chamarão bem-aventurada,

V. pois o Todo-Poderoso fez grandes coisas por mim. O seu nome é santo

VI. e a sua misericórdia perdura de geração em geração para aqueles que o temem

VII. Agiu com a força de seu braço, dispersou os homens de coração orgulhoso

VIII. Depôs os poderosos de seus tronos e a humildes exaltou.

IX. Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias.

X. Socorreu Israel, seu servo, lembrado de sua misericórdia

XI. conforme prometera a nossos pais – em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre!”.

“VISITAÇÃO”
Domingos da Cunha
séc. XVII
Autor Foto: Francisca Branco Veiga

30 agosto 1832, D. MIGUEL RESTAURA A COMPANHIA DE JESUS EM PORTUGAL

D. MIGUEL DÁ O BENEPLÁCITO RÉGIO À CIRCULAÇÃO DA BULA DE PIO VII, DE 7 DE AGOSTO DE 1814, QUE RESTABELECIA OFICIALMENTE A COMPANHIA DE JESUS.

No dia 30 de agosto de 1832, passados três anos da entrada em Portugal destes missionários franceses, D. Miguel deu o beneplácito régio à circulação da bula de Pio VII, de 7 de agosto de 1814, que restabelecida oficialmente a Companhia de Jesus.

Este decreto termina deste modo:

“… Sou Servido Acordar o Meu Real Beneplácito, e Régio Auxilio á sobredita Bulla do Sancto Padre Pio VII., que principia – Soliciludo omnium Ecclesiarum – datada em Sancta Maria Maior aos 21 de Agosto do anno de 1814, XV. do seu Pontificado; e Mando que tenha cumprimento, e execução nos Meus Reinos, e Domínios, como nella se contém, sem embargo de qualquer Legislação em contrario, que Revogo para este effeito sòmente; e entendendo-se que por esta Minha Soberana Resolução se não restituem aos ditos Padres da Companhia de Jesus os Bens, Propriedades, Isenções, Privilégios, e Prerogafivas, que anteriormente lhes houvessem pertencido, nem se lhes dá direito algum para pedirem a sua restituição. As Authoridades, a quem competir, o tenhão assim entendido, e executem. Palacio de Cachias em 30 de Agosto de 1832.”

Retrato do Papa Pio VII e de D. Miguel
Retrato de El-Rei D. Miguel vestindo uniforme de gala; condecorações; manto de arminho e mesa com coroa e ceptro real
Fonte: Palácio do Correio Velho

27 agosto 1831, FORTUNATO DE SÃO BOAVENTURA , ARCEBISPO DE ÉVORA, É NOMEADO REFORMADOR GERAL DOS ESTUDOS

D. Fr. Fortunato de S. Boaventura, Arcebispo de Évora

“D. FR. FORTUNATO DE S. BOAVENTURA, foi natural da villa de Alcobaça, e de família honrada, mas pouco abundante de bens, pois me dizem que seu pae exercia ali a profissão de livreiro. Devia nascer pelos annos cie 1778, a serem exactas as informações dadas por seu irmão, que diz contar ejle ao tempo do falecimento 66 annos d’edade. Professou a regra de S. Bernardo no mosteiro da sua pátria a 25 de Agosto de 1795. Passou a Coimbra, para ahi freqüentar os estudos preparatórios, e matriculando-se depois no curso theologico da Universidade, recebeu o grau de Doutor n’aquella faculdade. Destinando-se ao magistério, foi primeiramente professor no collegio das Artes, e depois subiu a Lente de Theologia, em cujo exercício esteve por alguns annos. O sr. D. Miguel, querendo premiar a devoção que elle lhe dedicava e aproveitar os seus talentos, o nomeou em 27 de Agosto de 1831 Reformador Geral dos Estudos, e a 29 de Septembro do mesmo anno Arcebispo d’Evora, sendo confirmado pelo Summo Pontífice Gregorio XVI, e sagrado a 3 de Junho de 1832. Tomou posse da cadeira metropolitana da referida cidade, que governou pouco tempo, pois teve de ausentar-se do reino em Junho de 1834, restabelecido o governo constitucional, do qual sempre se mostrara intrépido e implacável adversário, combatendo as doutrinas liberaes de palavra e por escripto, durante mais de dez annos consecutivos. Refugiando-se na Itália, assentou em Roma a sua residência; d’onde sahia comtudo nos estios, precavendo-se contra as febres que n’essa quadra costumam causar tamanhos estragos n’aquella cidade. O estudo e trabalhos litterarios, que nunca abandonava lhe subministravam unicamente algum lenitivo, servindo-lhe de conforto, para passar menos atribulados os dias de uma vida angustiada, qual não podia deixar de ser a sua em tal situação, vendo triumphar desafrontadamente na pátria princípios c doutrinas, contra as quaes tão deveras se pronunciara I M. em Dezembro de 1844”. (1)

Em 29 de setembro de 1831 é elevado à dignidade de Arcebispo de Évora pelo Papa Gregório XVI, confirmado em 24 de fevereiro de 1832.

No dia 27 de agosto de 1831, D. Miguel continua a sua batalha pela defesa dos ideais tradicionalistas e conservadores.

Nomeia para Reformador Geral dos Estudos  Frei Fortunato de São Boaventura forte apoiante da monarquia tradicional e terrível combatente dos liberais e dos maçons, incessantemente fustigados pelo seu jornalismo panfletário.

Numa ação levada a cabo em periódicos, folhetos e pastorais lança-se na defesa dos Jesuítas e da Santa Religião.  Publica em Minerva Lusitana (1808-1809), Punhal dos Corcundas (1823-1824), Maço Férreo Anti-Maçónico (1823), Mastigoforo (1824), A Contra-Mina, periódico moral e político (1830-1832) e O Defensor dos Jesuítas (1829-1833),

A partir de 1834, com o triunfo do liberalismo, acompanha D. Miguel para o exílio onde assume a direção da causa Legitimista.

SÃO BOAVENTURA, Fortunato de – O Defensor Dos Jesuitas. Lisboa: Na Impressão Regia, 1829-1833

Armas de D. Frei Fortunato de São Boaventura

Escudo oval sob galero de onde pendem dois cordões de 10 borlas cada, cruz arquiepiscopal, coronel de cinco florões aparentes, ladeado por mitra e báculo.
Cortado: I – Virgem Maria segurando um crucifixo. II – Escudo oval com as armas da ordem de Cister.
Legenda: D. FR. FORTUNATUS. AS. BONAVENTURA. ARCHIEP. EBORENSIS.

(1) In INNOCENCIO, Diccionario Bibliographico Portuguez, Tomo II. Lisboa: Imprensa Nacional, 1859.

7 agosto 1814, O PAPA PIO VII RESTAURA A COMPANHIA DE JESUS NO MUNDO

Em 1814 «O mundo católico exige com unanimidade o restabelecimento da Companhia de Jesus». Assim sustentava , por meio da Bula Pontifícia Sollicitudo omnium Ecclesiarum, lida no dia 7 de agosto de 1814 na Igreja de Gesù, em Roma.

Pio VII, livre do exílio em Fontainebleau que Napoleão lhe impôs, celebra a missa no altar de Santo Inácio, na presença de quase cem jesuítas, restaurando universalmente a Companhia de Jesus e entregando-a nas mãos do padre Panizzoni, de oitenta e seis anos, representante do Geral da Companhia . O papado reclamava a ajuda de «valentes remeiros que enfrentassem a ameaçadora tempestade».

Tendo nascido num período histórico europeu, o Renascimento (15 de agosto de 1534), ressuscita em 1814 num outro período histórico, revolucionário e industrial do século XIX, o do triunfo das luzes e da emergência da racionalidade científica.

Gravura de Luigi Cunego
retrata a restauração da Companhia de Jesus, em 1814.
Papal Bull frontispiece

31 julho 1833, D. PEDRO DÁ ORDEM DE EXPULSÃO AOS MISSIONÁRIOS JESUÍTAS DE LISBOA

No dia 31 de julho, dia de Santo Inácio de Loiola, foram obrigados a sair do Colégio de Santo Antão-o-Velho alguns padres e irmãos jesuítas que se encontravam em Portugal desde 13 de agosto de 1829.

Com a entrada de D. Pedro em Lisboa, no dia 28 de julho, a resposta foi uma descida dos juízes à casa de Santo António, com um grande aparato da cavalaria e infantaria. Recordava o P. Delvaux o porquê da dispersão tão rápida desta missão portuguesa da Companhia de Jesus:

“1º. Que Don Pedro était bien persuadé que nous n’étions en Portugal que des instruments de son frère, comme il conste par les moyens qu’il prit pour nous engager dans son propre parti, et par la défiance avec laquelle lui et les principaux agents de cette révolution arrivèrent armés contre la Compagnie.

 2º. Que le refus constant d’entrer dans les vues de l’empereur fondé uniquement sur l’esprit, la lettre et la pratique de notre Institut, ne faisait cependant que confirmer la créance à notre inviolable attachement à Don Miguel.

3º. Que les actes de celui-ci étant tous annulés par le nouveau gouvernement, nous retombions naturellement sous les arrêts de proscription du roi Joseph Ier[1]

Partiram para a Inglaterra num grande navio de comércio inglês. No dia 16 de agosto, desembarcaram no porto de Liverpool, sendo levados para o seminário de Stonyhurst . Outros, partiram no dia 4 de agosto num brigue genovês fretado pelo Núncio Apostólico, chegando a Génova no dia 17 do mesmo mês.

O ano de 1833 marcava o fim da Missão Jesuíta em Lisboa mas, no Colégio das Artes, em Coimbra, ainda ficavam 18 missionários, vindo a ser expulsos por D. Pedro no ano seguinte.


Inácio de Loyola, nascido Iñigo López de Oñaz y Loyola (Azpeitia, 31 de maio de 1491 — Roma, 31 de julho de 1556), foi o fundador da Companhia de Jesus.
Morreu em Roma em 31 de julho de 1556.
Foi canonizado a 12 de Março de 1622 pelo Papa Gregório XV. O seu dia é festejado a 31 de julho.

Santo Inácio de Loyola, autor desconhecido, século XVII
Exposição “Ver novas todas as coisas”
Museu de São Roque, Lisboa

[1] CARAYON, Auguste – Documents inédits concernant la Compagnie de Jésus, vol. XIX, 1866, pp. 444-445.

Colégio de Santo Antão-o-Velho | Colégio de Santo Agostinho | Exterior

Carta Constitucional de 1826

 Recebida e jurada por todas as Ordens do Estado, no dia 31 de Julho.

Depois da morte de D. João VI, em abril de 1826, D. Pedro IV outorga a Carta Constitucional.

A Carta Constitucional deixou de vigorar em maio de 1828, período em que D. Miguel foi aclamado rei absoluto pelos três Estados do Reino.

PROCLAMAÇÃO

«Portuguezes! Pela Carta Constitucional, que acabais de Jurar, Eu sou chamada á Regencia destes Reinos durante a menoridade da Minha Augusta Sobrinha, e nossa Legitima Rainha, a Senhora DONA MARIA DA GLORIA, Como primeira Subdita he meu primeiro dever pôr em prompta e vigorosa execução a Sabia Carta Constilucional, que do Alto do Seu Throno Deo aos seus subditos Portuguezes Meu Augusto Irmão, e nosso Legitimo Rei, o Senhor DOM PEDRO IV, cujo Nome Glorioso he repetido com admiração, e assombro na America, na Europa, e no Mundo inteiro! Eu cumprirei pois, e farei cumprir este immortal Codigo Constitucional, unica taboa da nossa Salvação Politica. Desgraçado daquelle que se oppozer. A Lei o punirá sem piedade; e Eu serei tão inexoravel como a Lei.[…]

 Portuguezes! União e obediencia ás Leis. Imitemos as heroicas virtudes de nossos Maiores, e nós seremos, como elles forão, o assombro e admiração do Universo.

 Palacio de Nossa Senhora da Ajuda, em o 1º de Agosto de 1826

INFANTA REG

Gazeta de Lisboa, nº 178,  1 de agosto de 1826.

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VEIGA, Francisca Branco (2023),  Carta Constitucional de 1826 (blogue da autora Francisca Branco Veiga). Disponível em: https://franciscabrancoveiga.com/ [31 de Julho de 2019].

VEIGA, Francisca Branco, Companhia de Jesus. Companhia de Jesus.O Breve Regresso no Reinado de D. Miguel. Ed. Autor, 2023, 437 p. (Livro disponível na Amazon.es)

Galeria

Quando Galileu Desvendou os Segredos do Universo: O Telescópio de 1609

Galileu mostra ao Doge de Veneza como usar o telescópio. Afresco de Giuseppe Bertini, 1858.

 

No início do século XVII, o debate sobre a verdadeira estrutura do Universo estava ao rubro. Durante séculos, a humanidade seguiu a visão geocêntrica herdada de Ptolomeu, do século II d.C., que colocava a Terra imóvel no centro de tudo. À sua volta giravam sete esferas planetárias e, mais além, encontrava-se o firmamento, repleto de estrelas fixas. Este modelo parecia explicar com sucesso os movimentos do céu e dominava a astronomia e a filosofia natural da época.

Contudo, no século XVI, surgiram ideias que desafiaram esta visão. Tycho Brahe (1546–1601), um dos maiores observadores astronómicos do seu tempo, propôs um modelo intermédio. Nele, a Terra permanecia parada no centro, mas o Sol e a Lua giravam à sua volta, enquanto os planetas restantes orbitavam o Sol. Este sistema tinha a vantagem de conciliar a tradição geocêntrica com algumas novas observações, evitando um confronto direto com a filosofia e a religião dominantes.

Enquanto isso, Galileu Galilei (1564–1642) avançava com uma proposta mais radical: o sistema heliocêntrico de Copérnico (1473–1543). Neste modelo, o Sol estava localizado no centro do Universo, e a Terra — juntamente com os outros planetas — girava à sua volta. Graças ao telescópio que Galileu aperfeiçoou, tornou-se possível observar fenómenos que colocavam em causa a visão tradicional: as luas de Júpiter mostravam que nem tudo girava à volta da Terra, e as fases de Vénus confirmavam que o planeta orbitava o Sol, tal como a sugeria Copérnico.

Em Lisboa, os matemáticos do Colégio de Santo Antão seguiram atentamente estas descobertas. Reconheceram que as observações de Galileu refutaram o modelo de Ptolomeu, mas hesitaram em abandonar a visão geocêntrica. Optaram, assim, pelo sistema de Tycho Brahe, que oferecia uma espécie de “compromisso”: aceitavam as novas evidências astronómicas, mas mantinham a Terra no centro, respeitando a visão cosmológica e religiosa dominante na época.

Este período histórico mostra como a ciência avançou muitas vezes através de um equilíbrio entre inovação e tradição , e como ideias revolucionárias, como as de Galileu, enfrentaram resistência antes de serem aceites pela sociedade. Foi também um momento em que a observação direta da Natureza começou a ganhar mais autoridade do que os textos antigos, abrindo caminho para a ciência moderna.

Galileu, em 1609, construiu um telescópio com cerca de 3 vezes mais de ampliação. Mais tarde, fez versões melhoradas até cerca de 30 vezes de ampliação. Apontar o telescópio pela primeira vez para o céu foi um dos grandes momentos da história da ciência: Galileu fez logo toda uma série de descobertas sensacionais que publicou no Sidereus. A publicação do Sidereus Nuncius causou grande sensação,  ao mesmo tempo em que provocava uma controvérsia apaixonada.   

Sidereus Nuncius

Em 25 de agosto de 1609 , Galileu apresentou um dos seus primeiros telescópios — com uma ampliação de cerca de 8 a 9 vezes — aos legisladores de Veneza.

As observações de Galileu ajudaram a consolidar as ideias dos defensores do sistema heliocêntrico de Copérnico , mostrando de forma clara que a Terra não era o centro do Universo. Pouco tempo depois, Johannes Kepler descreveu a óptica das lentes e a dinâmica, um novo tipo de telescópio astronómico com duas lentes convexas, muitas vezes mencionadas como telescópio de Kepler .

Em 1615, o jesuíta português Manuel Dias , que se encontrava na China, escreveu a obra Tien Wen Lueh (Epítome de Questões sobre os Céus), redigida em mandarim. Este pequeno compêndio de cosmografia e astronomia inclui, no final, a descrição — acompanhada de figuras — da nova observação telescópica feita por Galileu em 1609, sobre os “braços” de Saturno .

O texto em chinês do jesuíta Manuel Dias sobre as descobertas telescópicas de Galileu 

No dia 22 de junho de 1633, a Inquisição romana obrigou Galileu Galilei a renegar publicamente os modelos cosmológicos que havia defendido e comprovado na sua obra Sidereus Nuncius. Esta obra, que revolucionou a astronomia ao utilizar pela primeira vez observações feitas com telescópio, apresentava evidências claras do sistema heliocêntrico, contrariando a visão geocêntrica então sustentada pela Igreja. Como consequência do seu julgamento, Galileu foi condenado por heresia e obrigado a abjurar das suas ideias.

Além de Galileu, as obras de outros importantes astrónomos como Johannes Kepler e Nicolau Copérnico também foram incluídas no Índex Librorum Prohibitorum — a lista oficial de livros proibidos pela Igreja Católica. Esta lista visava conter a disseminação de ideias consideradas contrárias à doutrina e à autoridade eclesiástica. Só mais tarde, já no século XIX, a proibição dessas obras foi revista, permitindo o avanço do conhecimento científico.

Galileu sendo interrogado pelo Santo Ofício de Roma.
Quadro de José Nicolas Robert Fleury (1797-1890).
Museu de Amsterdão.

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Como referir este texto:

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VEIGA, Francisca Branco, Quando Galileu Desvendou os Segredos do Universo: O Telescópio de 1609 (blogue da autora Francisca Branco Veiga). Disponível em: https://franciscabrancoveiga.com/ [30 de agosto de 2025].

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Texto produzido para a criação de um conteúdo audiovisual sobre os jesuítas portugueses astrónomos na China do século XVII. Este excerto integra o audiovisual concebido para ser apresentado numa exposição no Observatório Astronómico de Pequim.
VEIGA, Francisca Branco – Criação de conteúdo audiovisual dedicado aos jesuítas portugueses astrónomos na China setecentista, para exposição no Observatório Astronómico de Pequim (excerto).